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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

«DISCÍPULA DE MARX»

Rosa Luxemburg nunca cai no dogmatismo : repete que o marxismo não é, de maneira nenhuma, uma selecção de receitas já prontas, pelo que se torna necessário aplicar o método marxista à análise de cada determinada situação concreta.

Ela própria seguirá esta norma ao estudar, por exemplo na «  Greve de Massas », « Partidos e Sindicatos », as contribuições dadas pela Revolução Russa de 1905, empenhando-se em extrair dela os ensinamentos válidos para o conjunto do movimento operário internacional.

Seguirá esta norma ao estudar o imperialismo e as suas novas características : militarismo, política colonial... É a primeira pessoa a analisar teoricamente o militarismo.

Estes aspectos novos do capitalismo não modificam, contudo – e é aí que reside precisamente o aspecto essencial – a natureza profunda. Para Rosa Luxemburg o imperialismo não faz senão acusar as características fundamentais do capitalismo tal como Marx as divulgou.

O motor essencial da história é a luta de classes. Desde o início do século XIX que o capitalismo não parou de se desenvolver, mas com ele desenvolveram-se também as suas contradições internas.

É chegado o momento em que o capitalismo « já não é portador de progresso histórico, mas em que se transformou num travão, num perigo para a evolução ulterior da sociedade ».

Chegou, pois, o momento do proletariado se apoderar do poder político e de instaurar o socialismo.

Ao redigirem o Manifesto do Partido Comunista, em 1848, Marx e Engels pensavam ter soado a hora dessa mutação. Antecipavam o desenvolvimento histórico, mas, setenta anos depois, essa transformação encontra-se na ordem do dia da história : « Estamos hoje perante essa tarefa imediata : a realização do socialismo », afirma Rosa Luxemburg em Dezembro de 1918.

Daí resulta que o socialismo não se baseia numa ideia, por mais generosa que seja. As leis da história - leis objectivas, independentes da vontade dos homens (Rosa Luxemburg emprega com frequência a expressão « leis inexoráveis » - ensinam que a sociedade capitalista é apenas uma etapa da evolução das sociedades humanas, que ela desaparecerá, minada pelas suas próprias contradições internas, e que o socialismo lhe sucederá.

Compreende-se assim a razão da violência da polémica contra Bernstein. Ao afirmar que o capitalismo « se adaptava »,  que o número ou a amplitude das crises económicas diminuíam.., Bernstein pretendia demonstrar que esse sistema se encontrava à altura, se não de resolver, pelo menos de atenuar as suas próprias contradições. A partir daí, a « catástrofe «  já não era fatal e, por conseguinte, a própria revolução já não era nem inevitável nem sequer verosímil, revolução essa que até tinha representado para a social-democracia o seu « objectivo final », o seu objectivo supremo e último.


(...)

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