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terça-feira, 24 de setembro de 2013

«PORTUGAL DOS PEQUENINOS»

Todos quantos visitam, em Coimbra, esta obra admirável e inédita, ficam verdadeiramente encantados e sensibilizados. A ela se referiu Maetrlinck, chamando-lhe “um país saído de um conto de fadas”.

Ali, num recinto de algumas centenas de metros quadrados, encontra-se, em miniatura, Portugal inteiro com a sua História, os seus costumes, estilos arquitecturais, artes, religião, ofícios e indústrias rurais.

Obra pedagógica, repleta de poesia e sensibilidade, que se deve ao auxílio do ilustre professor Bissaia Barreto – bem assim como tantas outras que efectuou em Coimbra – que teve a felicidade de conseguir ver criada pelo afamado arquitecto Cassiano Branco, valioso cooperador que se dedicou à sua realização.

Ali se encontra, nas dimensões apropriadas àqueles a quem se destina, Portugal inteiro, do Minho ao Algarve, com seus castelos, monumentos, solares, minas, rios, montes e vales…

Logo à entrada do Parque, aquele Portugal pequenino, para gente de palmo e meio, parece mansão de fadas, sonho de artista inspirado que subjuga pela realidade viva da sua beleza, que se mete pelos olhos e fascina quem a contempla.

Antes de penetrar naquele encantamento, onde a pequenada, a brincar e a rir, vai conhecer Portugal no seu Portugal pequenino, há um jardim de gosto moderno, fronteiro à edificação.

Em frente do caminho lageado da entrada, levanta-se o edifício maior de todas as construções miniaturais, que é o pavilhão de assistência médica, creche, escola, sala de jantar dos miúdos, lavabos, tudo em dia com os métodos pedagógicos, condições higiénicas e clínicas.

Não passemos ainda ao interior, porque, no hemiciclo da frontaria, debaixo do airoso alpendre caído sobre caneladas colunas revestidas de cerâmica escarlate, o peta dos azulejos, Alves de Sá, estendeu formosos panos de decoração explêndida, reproduzindo, ao centro, um quadro célebre da Raínha Santa Isabel, que ladeou de azulejos e jarras.

No jardim, diante do recinto do casario, o padrão dos descobrimentos, encimado pela cruz de Cristo, de corte moderno, evoca a epopeia que dilatou Portugal pelo mundo. Rotas, naus, conquistas e novas terras do império estão, além, representadas no enorme globo terráqueo, onde as crianças aprendem, podem aprender, a conhecê-las e a admirar a obra dos Gamas, dos Albuquerques e dos Cabrais, que a conceberam e afoitamente a sublimaram.

Mas a vida não é só êxtase de belezas em ócios de casas e paços; como a história da Nação tem heroísmos de sangue nas suas grandezas.

Sempre que me desloco a Coimbra, atravesso o Mondego para Santa Clara e vou visitar esta maravilha, tendo ali levado meus filhos e mais recentemente minhas netinhas, para que pudessem ver aquela histórica construção.

Cito acima o hemiciclo da frontaria, e não posso deixar de citar o hemiciclo do Palácio de S. Bento, onde os supostos donos de Portugal nos causam tanta tristeza, tanto sentimento de revolta e de desprezo, que me fazem esquecer as antigas casas fartas do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, hoje muito abaladas pelas crises inventadas pelos políticos que tomaram conta do país.

É preciso dar a conhecer a todos os pequeninos portugueses da idade adulta que a vida exige na sua luta constante.


Após largas horas passadas na delícia desta realidade, a obsessão do seu mérito criou paixão de a rever, dando-me o desejo de voltar a ser menino para ali viver encantado.

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