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sábado, 7 de setembro de 2013

«A TRISTEZA E A PEQUENEZ DE PORTUGAL»

O cardeal de Florença, legado do papa Clemente VII junto do rei de Portugal de 1596 a 1598, escrevia à Santa Sé: “Este país que governam com mão de ferro, é um milagre que possa subsistir.”

É um milagre que dura há século, com altos e baixos, mais baixos que altos, com períodos em que Portugal dominava e outros em que estava abatido.

Sabemos que Portugal, com a sua população de cerca de dez milhões de habitantes, a sua África impaciente de escapar à sua tutela, a sua indústria insuficiente para o armamento que uma guerra exigiria, sem bombas atómicas face a forças enormes que sobem, não pode mais, não quer conhecer seus altos e baixos, subir a um lugar digno para cair na derrota.

O Portugal de hoje deve estar ávaro do seu sangue espalhado por tantas guerras. Todavia – diz-se por aí – é preciso que se mantenha no seu lugar, que corresponde ao seu passado e ao seu presente valor. É-lhe preciso saber que não pode obter mais nada pela força brutal da predominância ou da sua glória na qualidade de ideias que posssa pretender espalhar e fazer admitir.

Hoje, Portugal não passa de um servidor de desejos de quem nunca soube abrir novos mundos ao mundo! Trata-se de um simples vagabundo que prefere viver das esmolas que alguns lhe dão, em  troca da perda da soberania.

Portugal e seu povo humilde,m  que sempre anunciam de brandos costumes, vive hoje, praticamente na solidão no mundo da filosofia, da literatura, das artes, das ciências, enquanto alguns pensam e por vezes dizem que não nos sentiremos sós enquanto nos mantivermos na ONU, na OTAN, nas conferências internacionais, políticas e científicas,m  a voz da sabedoria e da humanidade.

Ninguém, e tem-lo visto, pode sacrificar, por pouco que seja a Portugal em recordação dos sacrifícios que tem consentido, isto é, tem obrigado o seu povo am sofrer. Estamos sós quando se trata dos nossos próprios interesses.

Deixaremos de estar quando soubermos exprimir o que é a eterna aspiração dos homens no tempo em que plana a ameaça das bombas e das núvens atómicas.

É preciso renunciar à forma de grandeza e de solidão onde se adormece o povo. É  preciso conquistar a grandeza e o universal amor que engendra as obras eternas do espírito que não pode destruir nenhuma Aljubarrota.

Apesar do peso da sua grandeza política passada, apesar das fraquezas presentes, apesar da sua solidão quando estão em causa os seus bens materiais, Portugal deve e pode ser uma muito grande nação.

E só o não é devido à sua pobreza, diria mesmo miséria e indigência política que alguns estrangeiros nos mostram com uma certa benevolência hipócrita, humilhando-nos, o que nos obrigará a apresentar novas formas de vitalidade. Jamais voltaremos a ser uma grande potência militar, mas deveremos ser uma grande força intelectual e moral e, por consequência, política.

E se a guerra se torna impossível porque além de baseada em mentiras não poupadas e porque são temidos os seus efeitos devastadores, caminhemos em comum para a paz duradoura e segura da República Portuguesa, onde todos sejam classificados do mesmo modo.


Esta ambição pode parecer insensata num período tão agitado um  sonho insensato. Mas é justamente porque o mundo está em plena ebulição e que o homem conseguiu a força atómica ou nuclear que podemos esperar estar em vésperas de tempos novos em que Portugal voltará a ser grande, quando souberem, os seus cidadãos, mudar o rumo dos acontecimentos internos, quando o regime actual do custe o que custar, da desconfiança e do ódio sucederá à era da ideia e da ambição.

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