“...Que se lixem as eleições!”, recordam-se?
Pois lixaram-se para ele e seu partido.
Pergunto-me como pode ter semelhante
premonição, esse sábio primeiro-ministro de Portugal, que prefere
ultrapassar-se a si mesmo em questões de austeridade impostas aos cidadãos
menos favorecidos, que são a maioria do povo eleitor, que dividir o mal pelas
aldeias, aplicando as mesmas receitas a todos sem excepção. Até a ele próprio e
aos seus acólitos.
Penso também que jamais poderá pensar e muito
menos dizer que os portugueses são um povo estúpido e atrasado, habituado a
decisões unilaterais e lesivas para si, e que, até, talvez, já se tenha
arrependido de dizer o que disse acerca das eleições e de muitos outros temas,
como o custe o que custar.
Pedro bateu no fundo, tal como fez acontecer
ao país que, todavia, através desse “povo estúpido”, “atrasado” e sem “orgulho
próprio” lhe demonstrou, efectivamente, que as eleições o tinham lixado.
Pretendeu, quando já se conheciam os suficientes
resultados dessa desastrosa ida às urnas para ele, que conhecia, enfim, o
amargo sabor da derrota. E que derrota.
Mas, a maior de todas as derrotas sofridas,
foi a de ter de reconhecer publicamente que a havia sentido na pele de modo
irrevogável. E logo havia de
acontecer-lhe a ele, que se imaginava invencível.
Como de costume, tomou aqueles ares de “senhor”,
cerrou os lábios, retirou a cábula do bolso e, muito rapidamente reconheceu ter
sofrido o grande desaire da sua vida. (…) E logo ele, que, em seu entender, se
tem comportado como um verdadeiro herói ante os fracos e como um “anjo” perante
os “fortes”.
Três coisas não serão de estranhar. A saber:
1 – Que muito brevemente surjam novos cortes
e impostos sobre os cidadãos de segunda B, que ousaram desafiá-lo, mais à sua
autoridade absoluta (!!!), que ele quer absoluta e inabalável, pois a vingança
serve-se fria!
2 – Sabe, desde o fatídico dia 29 de
Setembro, que tem pela frente uma mais forte oposição, galvanizada pela “estrondosa”
derrota infligida a si pessoalmente, mas também a toda a sua inexperiente “catraiada”
que, apesar de tudo, tal como a Nau Catrineta, já muito tem que contar e que
tentará voltar às boas graças com medidas avulsas que lixem cada vez mais os
cidadãos.
3 - Sabe também que se não fosse o expresso
apoio do senhor Silva não teria outra solução que mudar de rumo e de ares, uma
vez que os de S. Bento parecem ser nocivos à sua saúde e estabilidade
emocional. Mas sabe também que, agora, todo o passo em falso pode ser fatal
para ele, pois tem uma oposição altamente reforçadas com a derrota que lhe
aplicou.
Isto tudo porque a princípio, tratava-se
apenas de umas eleições locais, na sua própria linguagem, passando depois a
nacionais – como não podia deixar de ser – e que até na Madeira feudal, as
coisas lhe correram da pior forma possível.
Há males que vêm por bem, lá diz o velho
ditado; e o Pedro está a sentir na pele, ele que se imaginava um “super”, não
passando, afinal, de um simples humano, e ainda por cima sensível à “korruptonite”
que tanto o debilita.
Decididamente, ele não é um “messias”, antes
talvez um enviado de ”satanás” desde as mais profundas entranhas do inferno que
tem causado aos portugueses.
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