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domingo, 13 de outubro de 2013

«EM PORTUGAL TUDO MUDA NA CONTINUIDADE»

De vez em quando ocorrem no tabuleiro político nacional certas mudanças, mas tudo mantém uma característica preponderante. Trata-se, quase sempre, do resultado de disputas internas entre os partidos do tal arco governativo, isto é, aqueles que são considerados os únicos capazes de governarem Portugal – governando-se – PS, PSD e CDS porque, no caso do PS – por  exemplo – não sente dificuldade alguma em promover alianças à direita.

E, como membros efectivos do grande “rebanho”,  chegado o momento crucial, lá vão “deitar o voto” na urna posta à sua disposição para tal fim.

Numa estúpida tentativa de imitarem os Estados Unidos e a Grã-Bretanha sobretudo, entrou o “rebanho lusitano também pela via da bipolarização político-partidária nas legislativas, mais plurais nas autárquicas como se viu recentemente.

Não surpreende, pois, que como a aproximação das legislativas Portugal fervilhe um pouco e tudo sejam frases sonantes e que, pelo menos dois terços da Assembleia da República comece, bem cedo, a dança das cadeiras, a aproximação aos líderes bem-amados, na procura da manutenção ou obtenção dos ainda mais amados tachos, apesar de alguns pretenderem que se lixem as eleições.

Para o espectador desavisado, a disputa entre socialistas e social-democratas apresenta-se tão ferrenha quanto à disputa de partidos situados mem extremos ideológicos opostos. No dito socialismo, porém, onde no fundo todos querem e farão as mesmas coisas, discursos inflamados e até mesmo alguns sopapos ocasionais, dão forma e emoção ao ritual partidário de disputa do poder.

Face a tal cenário, não há maneira de deixar vir à mente a conhecida declaração da personagem de Tancredi, no Leopardo (Il gattopardo), de Tomasi de Lampedusa, sobre a mudança na Sicília e a decadência da aristocracia local durante o Rissorgimento. Para lidar com as pressões reformistas, Tancredi, príncipe  de Falconieri, dizia a seu tio, o príncipe siciliano Fabrízio Salinas: “algo precisa de mudar e que tudo se mantenha como está!”

O partido socialista é assim, levanta novos líderes e novas bandeiras – usualmente segundo os trilhos populistas abertos pelo seu fundador Mário Soares, que até meteu o socialismo na gaveta – até que as inconsistências dos seus programas de governo provoquem crises económicas e sociais de grandes proporções. De repente, como se já não tivesse nada com o assunto, aclama um novo líder e ressurge, altaneiro, das cinzas, após uns anos de miséria, de fome, de frustração, de roubos vividos pelo povo, cometidos pelo PSD, que entretanto se aliara ao CDS para, com mais potência pisarem a população nacional.

E depois.., bem, depois surge a figura de um presidente da República cheia de nove horas que lança apelos a  uma salvação nacional que sabe ser impossível de conseguir. E, os portugueses continuam a ser humilhados, espoliados e vivendo nas ruas da amargura, num país onde os políticos ou fazem todos o mesmo ou são marginalizados. Isso, nunca!


Entretanto, a economia continua a ser dizimada pelos que roubam e em fsavor dos parasitas do costume.


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