De vez em quando ocorrem no tabuleiro
político nacional certas mudanças, mas tudo mantém uma característica
preponderante. Trata-se, quase sempre, do resultado de disputas internas entre
os partidos do tal arco governativo, isto é, aqueles que são considerados os
únicos capazes de governarem Portugal – governando-se – PS, PSD e CDS porque,
no caso do PS – por exemplo – não sente
dificuldade alguma em promover alianças à direita.
E, como membros efectivos do grande “rebanho”, chegado o momento crucial, lá vão “deitar o
voto” na urna posta à sua disposição para tal fim.
Numa estúpida tentativa de imitarem os Estados
Unidos e a Grã-Bretanha sobretudo, entrou o “rebanho lusitano também pela via
da bipolarização político-partidária nas legislativas, mais plurais nas
autárquicas como se viu recentemente.
Não surpreende, pois, que como a aproximação
das legislativas Portugal fervilhe um pouco e tudo sejam frases sonantes e que,
pelo menos dois terços da Assembleia da República comece, bem cedo, a dança das
cadeiras, a aproximação aos líderes bem-amados, na procura da manutenção ou
obtenção dos ainda mais amados tachos, apesar de alguns pretenderem que se lixem
as eleições.
Para o espectador desavisado, a disputa entre
socialistas e social-democratas apresenta-se tão ferrenha quanto à disputa de
partidos situados mem extremos ideológicos opostos. No dito socialismo, porém,
onde no fundo todos querem e farão as mesmas coisas, discursos inflamados e até
mesmo alguns sopapos ocasionais, dão forma e emoção ao ritual partidário de disputa
do poder.
Face a tal cenário, não há maneira de deixar
vir à mente a conhecida declaração da personagem de Tancredi, no Leopardo (Il
gattopardo), de Tomasi de Lampedusa, sobre a mudança na Sicília e a decadência
da aristocracia local durante o Rissorgimento. Para lidar com as pressões
reformistas, Tancredi, príncipe de
Falconieri, dizia a seu tio, o príncipe siciliano Fabrízio Salinas: “algo
precisa de mudar e que tudo se mantenha como está!”
O partido socialista é assim, levanta novos
líderes e novas bandeiras – usualmente segundo os trilhos populistas abertos
pelo seu fundador Mário Soares, que até meteu o socialismo na gaveta – até que
as inconsistências dos seus programas de governo provoquem crises económicas e
sociais de grandes proporções. De repente, como se já não tivesse nada com o
assunto, aclama um novo líder e ressurge, altaneiro, das cinzas, após uns anos
de miséria, de fome, de frustração, de roubos vividos pelo povo, cometidos pelo
PSD, que entretanto se aliara ao CDS para, com mais potência pisarem a
população nacional.
E depois.., bem, depois surge a figura de um
presidente da República cheia de nove horas que lança apelos a uma salvação nacional que sabe ser impossível
de conseguir. E, os portugueses continuam a ser humilhados, espoliados e
vivendo nas ruas da amargura, num país onde os políticos ou fazem todos o mesmo
ou são marginalizados. Isso, nunca!
Entretanto, a economia continua a ser
dizimada pelos que roubam e em fsavor dos parasitas do costume.
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