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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

«PARABÉNS A TODOS!!!”

Parabéns porque sobreviveram.., e eu também…!

Parabéns a todos aqueles que sobreviveram aos anos 40, 50, 60 e 70!!

Primeiro, sobrevivemos, lutando, contra a ditadura, sendo filhos de pais e mães que fumavam e bebiam, enquanto “nos esperavam chegar”! Nem eles nem nós morremos por isso…

Elas comiam queijos curados e azulados, sem serem pasteurizados, e não faziam o teste do pezinho ou da diabetes.

E depois do traumático parto, os nossos berços eram pintados com tintas à base de chumbo,  em cores garridas e brilhantes e divertidas.

Não tínhamos tsampinhas protectoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas e, quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos boleias.

Sendo crianças, andávamos em carros sem cintos de segurança, air-bags e não ficávamos só no banco de trás…

E, andar na caixa aberta de uma pic-up em dia ensolarado era uma diversão premiada. Bebíamos água pela mangueira, não de uma garrafa pláqstica. E era água potável.

Partilhávamos um pirolito – com bolinha – com mais quatro amigos, todos bebendo pela mesma garrafa e ninguém, que me recorde, ficou doente por isso.

Um cigarro dava para os quatro e comíamos bolos, pão com manteiga bebendo refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos, simplesmente porque estávamos sempre a brincar na rua, na calçada, no quintal ou no jardim ou até na praça.

Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltassemos antes que as luzes da rua se acendessem.

Ninguém conseguia falar connosco durante todo o dia. E estávamos sempre bem, tanto que sobrevivemos…

Passavamos horas a construir carrinhos que deslizavam pela rampa abaixo e só quando enfiávamos o nariz nalguma árvore é quew nos lembrávamos que precisava de travões. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto, também, por nossa conta.

Não tínhamos Playstations, Nintendos, nenhum vídeo-game, nem cerca de 90 canais violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD, VT ou VHS, nem sistemas surround sound, muito menos telemóveis ou computadores nem sonhávamos com a Internet…

AMIGOS…

Tínhamos amigos… íamos lá para fora e encontravamo-nos de novo, ou conhecíamos um novo e,m dali a bocado, havia um desafio de futebol organizado…

Caíamos, levavamos caneladas, e ninguém processava ninguém por isso. Eram meros acidentes.

Inventávamos jogos com paus e bolas de ténis e até sapos e minhocas eram por nós dissecados, cortávamos rabos de lagartixas.

Íamos de bicicleta ou a pé para cada de algum amigo tocanto às capaínhas que encontrávamos pelo caminho, ficando a conversar ou a brincar com eles e outros/as.

Nem os pais interferiam nas brincadeiras, o que nos decepcionava um pouco: Imagine-se. Quebrávamos uma ou outra lei que não resultava em castigo nem bronca homérica. E eles até estavam sempre ao lado da lei e da ordem. E agora?

Foram essas gerações que produziram alguns dos mais aventureiros solucionadores de problemas, inventores e autores de todos os tempos.

Nos últimos 50 anos, testemunhámos uma explosão de novidades e novas ideias.

Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que termos nascido sob a ditadura e termos conseguido lutar para vencermos a liberdade, pois só assim aprendemos a viver e a sobreviver.


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