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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

As armas químicas secretas de Israel

Manlio Dinucci, via Il Manifesto
Os inspetores da ONU, que controlam as armas químicas da Síria teriam muito mais trabalho se fossem mandados controlas as armas nucleares, biológicas e químicas (NBQ) de Israel. Mas, pelas regras do “direito internacional”, não podem controlar nenhuma arma israelense. Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação, nem a Convenção que proíbe armas biológicas; assinou, mas não ratificou o tratado que proíbe armas químicas.
Segundo o blog Jane’s Defense Weekly, Israel – a única potência nuclear em todo o Oriente Médio – tem de 100 a 300 ogivas nucleares e os respectivos vetores (mísseis balísticos e de cruzeiro e caças-bombardeiros). Segundo estimativas do Centro Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo [Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI)], Israel produziu entre 690 e 950kg de plutônio, e continua a produzir plutônio suficiente para montar, por ano, de 10 a 15 bombas do tipo usado em Nagasaki. Israel também produz trítio, um gás radiativo com o qual se produzem ogivas neurotrônicas, que causam contaminação radiativa menor, mas de mais alta letalidade.
Segundo vários relatórios internacionais, citados também pelo jornal israelense Ha’aretz, as armas biológicas e químicas são desenvolvidas no Instituto para Pesquisa Biológica, situado em Ness-Ziona, próximo a Telavive. Oficialmente, ali trabalham 160 cientistas e 170 técnicos, e o Instituto trabalha há mais de 50 anos em pesquisas em biologia, bioquímica, biotecnologia, farmacologia, física e outras especialidades. O Instituto é, com o Centro Nuclear de Dimona, “uma das instituições mais secretas de Israel”, sob jurisdição direta do primeiro-ministro.
O maior sigilo cerca a pesquisa de armas biológicas: bactérias e vírus que, lançados contra o inimigo, podem gerar epidemias. Dentre eles, a bactéria da peste bubônica (a “peste negra” da Idade Média) e o vírus Ebola, contagioso e letal, contra o qual ainda não há terapia disponível. A biotecnologia é instrumento para criar novos tipos de agente patogênicos contra os quais as populações-alvo não têm resistências, nem há vacina. Há também informação confiável sobre pesquisas, em Ness-Ziona, para desenvolver armas biológicas suficientemente potentes para neutralizar todo o sistema imunológico humano.
Oficialmente, o Instituto israelense em Ness-Ziona pesquisa vacinas contra bactérias e vírus, como sobre o antrax financiadas pelo Pentágono. Mas é evidente que o mesmo tipo de pesquisa permite desenvolver novos agentes patogênicos a serem usados como arma de guerra. O mesmo tipo de trabalho é feito também nos EUA e em outros países, para escapar às leis, acordos e convenções que proíbem o uso de armas biológicas e químicas.
Em 1999, a carapaça de sigilo que protege as pesquisas de armas nucleares, biológicas e químicas em Israel foi quebrada em parte pela investigação, realizada com a colaboração de cientistas, do jornalista holandês Karel Knip, editor sênior de ciências do diário holandês NRC – Handelsblad, e publicada sob o título de “Biologia em Ness-Ziona”. Ali ficou afinal comprovado que as substâncias tóxicas desenvolvidas pelo Instituto são utilizadas pelo Mossad para assassinar dirigentes palestinos.
Depoimentos de médicos indicam que em Gaza e no Líbano, as forças israelenses utilizaram armas de concepção recente: deixam intactos os cadáveres, vistos externamente, mas agem por dentro, carbonizando o fígado e os ossos e fazendo coagular o sangue. É perfeitamente possível, com recursos de nanotecnologia. A Itália também colabora no desenvolvimento dessas armas, ligada a Israel por um acordo de cooperação militar e principal parceiro dos israelenses na pesquisa & desenvolvimento de armas biológicas. O orçamento italiano prevê dotação anual de 3 milhões de euros para esses projetos de pesquisa conjunta ítalo-israelenses. Exemplo dessa colaboração aparece no mais recente pedido de verbas para pesquisa do Ministério de Relações Exteriores italiano, que pede verbas para “novas abordagens para o combate de agentes patogênicos resistentes aos tratamentos.” Com essas verbas, o Instituto israelense para pesquisa biológica poderá tornar os agentes patogênicos ainda mais resistentes.

A.G.

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