O Governo está a
estudar a possibilidade de tornar obrigatória a utilização de um 'chip' para
cobrar as portagens nas ex-SCUT.
O Governo
comprometeu-se perante a ‘troika' a introduzir, em Março, novas portagens nas
antigas SCUT e em duas outras concessionárias de auto-estradas. O Executivo
está ainda a estudar a possibilidade de tornar obrigatório o uso de um
identificador electrónico de cobrança equivalente à Via Verde.
Segundo o
documento do Governo a que o Diário Económico teve acesso, apresentado à
‘troika' durante a sexta avaliação do memorando de entendimento, em Novembro
passado, o objectivo operacional pretendido com o processo de renegociação dos
contratos entre o Estado português e as concessionárias - sete ex-SCUT (sem
cobrança ao utilizador) - é obter uma poupança de cerca de 30,5 milhões de
euros por ano.
Económico
E, diz uma história
portuguesa, que um belo dia, um indivíduo foi bater à porta de um ministro, que
era da sua terra natal, mas só pôde fazê-lo com os pés, de tão ocupadas que
levava as suas mãos.
Sabendo que se
tratava de um seu conterrâneo, mandou que entrasse, e, após ter pousado o que
lhe ocupava as mãos, que se sentasse e dissesse ao que ia, ou seja, que motivos
o levavam à capital e, mais precisamente, a sua casa.
O homem, desatou a
lamentar-se, dizendo ao ministro que era tanoeiro e torneiro, ou seja, fazia
barris, pipas e pipos, mas também as torneiras em madeira de boa qualidade,
claro está.
Após uns momentos
dedicados a pensar no assunto, o ministro perguntou-lhe quantas torneiras fazia
por dia e, ao saber a resposta, levantou-se e disse ao home, que se mantinha
encolhido no seu cadeirão:
- Vocemecê, senhor
José, vai começar a fazer torneiras de vários tamanhos. Quando tiver já muitas
feitas, escusa de cá vir, bastando-lhe telefonar-me.
O homem,
esperançado, levantou-se e foi recuando até à porta, saindo feliz da casa do
conterrâneo ministro.
Chegado a casa,
falou com o seu cunhado e ambos, no dia seguinte, foram abater umas árvores para
poder dar início à tarefa encomendada, aconselhada pelo ministro, “homem muito
sábio, para não dizer sabido”.
Passado um mês a
fazer torneiras, telefonou ao ministro, dizendo-lhe que tinha já umas dez mil
torneiras feitas e prontas a funcionar, que se tinha empenhado muito, e que
devia, em seu entender, começar a vendê-las para poder pagar a quem devia.
Complacente, o
ministro tiu-se e disse-lhe que continuasse a fazer as suas torneiras, que
estavam espalhadas por todos os lados, desde a adega à habitação e até uma
arrecadação enorme, mas outro remédio não teve que continuar a fazer as suas
torneiras.
Outro mês passou e
lá foi ele à tasca do seu amigo Pedro telefonar ao seu conterrãneo ministro,
que lhe disse se mantivesse calmo, pois amanhã tudo mudaria na vida do aldeão.
Efectivamente, no
dia seguinte, saiu um decreto-lei que impunha a todos os interessados, o modelo
de torneiras para pipos, pipas, barris e cubas fabricadas na sua terra pelo seu
conterrâneo, de nome Paulo, nome com que baptizou as torneiras.
Ora, quer com as
máquinas registadoras e, muito possivelmente com os imaginados chips para
passar nas ex-scuts, passou-se algo
similar, uma vez que alguém se vai governar muito bem à custa dos “parolos” que
terão de obter o chip e dos que já tiveram de comprar ou a máquina registdora
ou o software adaptável à máquina antiga, mas moderna, para passar talões/recibos
de um corte de cabelo, por exemplo.
Tudo imaginado ao
milímetro, tudo muito bem pensado, mas qualquer dia, por este andar, talvez
mesmo os bois e as vacas deverão ser «chipados/as» nos cornos para poderem
atravessar uma estrada.
É que em Portugal,
como os portugueses não podem pagar a bem, deverão pagar seja como for, e custe
o que custar, para que alguns amigalhaços dos senhores ministros enriqueçam
cada vez mais.
Onde iremos parar
com todas estas medidas, é coisa que só eles saberão e que as oposições
deveriam tomar em conta, tentando limitar os desgastes causados por semelhantes
políticas.
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