“Longe de Harrar,
onde Rimbaud expiava o seu génio visionário, um barco ébrio desceu por rios
impávidos onde viviam, na imundície de pântanos enormes, um Partido Socialista,
acompanhado, a cinquenta léguas, pelos rugidos dos Béhémoths.”
Encontramos estes
animais vorazes e cruéis sob a caneta de Thomas Hobbes, quando se fala do corpo
social e dos seus votos para tentar restabelecer a melhor teoria política.
O PS significa o
autómato que se assemelha a essa máquina política parecida com uma mecânica,
animada por molas, cordões e rodas a que correspondem corações, nervos e
articulações para um enorme animal obsecado pela alimentação e inteiramente
orientado para satisfazer o seu apetite glutão.
É monstro do caos
primitivo, uma espécie de serpente capaz de devorar o sol de uma só vez,
fomentando, dessa forma, eclipses, durante os quais as feiticeiras lançam os
seus sortilégios.
“Ele” abandona o
mar, onde, contudo, repousa, quando o deixam em paz, para instaurar o reino do
terror entre a maioria da cidadania que, receando o que se passa hoje e se
passará no futuro, e, vivem hoje sob o seu regime e poder, segundo os seus
caprichos.
Quanto a Béhémoth,
sobrevive a figura de um fantástico herbívoro esfomeado que traga a vegetação
de mil montanhas, pelo que se tornou o emblema da força bruta.
Seguro tinha razão
ao convocar este bestiário fantástico a fim de designar o todo-poder do corpo
político, social, e das máquinas destinadas a submeter o indivíduo, sob o cunho
do comunitário, apresentado como suprema virtude.
Animais
devoradores, ignorando tudo da carnificina que provocam, bestas esfomeadas que
destroem toda a subjectividade quando passam (…), formando a zoologia política
em virtude da qual o cidadão representa uma presa muito pretendida pelo
predador, esse fabuloso monstro que esmaga os que são mais pequenos que ele.
A máquina histérica
do PS engendrou, na terra lusitana, um inferno presente, sem que o cidadão
comum, eleitor do partido sobretudo, que já não compreende e jamais
compreenderá, o que pretendem os membros dessa máquina infernal que ultimamente
puseram a trabalhar, com o único intuito de quê, afinal?
A sede de poder não
pode justificar, de modo algum, estas atitudes canalhas, porque defendem apenas
interesses corporativos de alguns, que sonham constantemente não em
proporcionar uma melhor vida ao povo português, que vai miserando, graças a um
regime de austeridade que mina, de forma continuada, física e psicologicamente
a cidadania nacional, fazendo-a apodrecer na fome e na miséria em que o actual
governo, a colocou impiedosamente.
E, quando Seguro
pretende acabar com todas essas formas de submissão de todo um povo, que milita
substancialmente no desemprego, todos os “arvorados em históricos (socráticos),
mas também se imaginam, na sua megalomania, indispensáveis quer ao partido quer
ao país, quando ambos podem prescindir, facilmente, deles.
Há tempos atrás
avisei Seguro de que deveria dar um murro na mesa e impôr-se aos interesses que
defendem esses filhos do demónio, que se limitam a semar tempestades,
pretendendo colher bonanças como fruto dos seus actos, inconcebíveis.
De repente, como
por artes mágicas, no seio do maior partido da oposição, que deveria manter-se
unido e coeso no combate aos líderes da austeridade europeia, talvez até
mundial, desse universo considerado civilizado, eis que se levantam esses
emissários dos seus interesses únicos, nada se preocupando com a dignidade
daqueles que elegeram Seguro como “seu líder”, e que deve saber guiá-los rumo
ao regresso à tão desejada normalidade, mas também à dignidade humana.
Tal como
pretendiam, e não será nem amanhã que deixarão de querer, que Seguro não se
deixe vencer pela adversidade, mas também pelos “ambiciosos” que pretenderam
apeá-lo da liderança do PS, que deverá
saber negociar alianças à esquerda para, em conjunto, poderem combater
eficazmente a verdadeira ditadura, se bem que tentem camuflá-la, que assola de
novo os portugueses, que a cada minuto que passa se vêm em pior situação numa
sociedade cada vez mais espezinhada.