O fundador do CDS e antigo ministro dos Negócios
Estrangeiros do Governo de José Sócrates, Diogo Freitas do Amaral, defende,
numa entrevista ao Diário Económico, que os cortes de 4 mil milhões no Estado
Social devem ser feitos ao nível das reduções salariais na Função Pública,
deixando, assim, intactas as prestações sociais e as reformas. Traçando um
diagnóstico à situação do País, no entender de Freitas do Amaral, “a sensação é
que este Governo é mais ‘troikista’ que a troika”, e afiança ainda
“O País não aguenta, não aguenta, não aguenta [mais medidas de
austeridade]”. A afirmação pertence ao fundador do CDS, Diogo Freitas do
Amaral, e contrasta assim com aquela, famosa, da autoria do presidente do BPI,
Fernando Ulrich, que há uns meses garantia: “Ai aguenta, aguenta”.
O
antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Executivo liderado por José
Sócrates advoga, em entrevista publicada na edição desta terça-feira do Diário
Económico, que os cortes de 4 mil milhões de euros que o Governo quer levar a
cabo nas funções sociais do Estado devem ser executados no que a reduções
salariais na Função Pública diz respeito, e não através das prestações sociais
ou das reformas.
“A Constituição deve ter um núcleo essencial de Estado Social
intocável”, comenta ainda o político a este propósito.
“A sensação é que este Governo é mais ‘troikista’ que a troika”,
tendo aproveitado o acordo “para ir mais além do que era imposto, quando o que
se devia era fazer uma interpretação do memorando que permitisse executá-lo
pela forma menos prejudicial ao povo”, assinala Freitas do Amaral.
Por
outro lado, o antigo governante poupa a críticas o Presidente da República,
Cavaco Silva. “Se [Cavaco] fosse uma pessoa vingativa, ou que gostasse de andar
a fazer intrigas já estava a colocar mensagens em todos os jornais contra o
Governo. E não está”, salienta Freitas do Amaral, acrescentando que “o
Executivo não tem ouvido as mensagens” do chefe de Estado.
O
político faz sobressair também o facto de o primeiro-ministro, Pedro Passos
Coelho, e de o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, terem “afastado Portas
[actual ministro dos Negócios Estrangeiros] da Europa”.
Ao
mesmo tempo, Freitas do Amaral tece considerações menos elogiosas para com José
Sócrates, considerando que o ex-líder do Governo socialista “já devia ter
assumido as suas culpas nesta crise”.
N. M.

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