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terça-feira, 5 de março de 2013

«PORTUGUESES NA CORDA BAMBA»















Ora – e basta abrir os olhos para se convencer disso – em todo o agrupamento de políticos do mesmo clã, que se formam segundo leis docilmente aceites.

Não entra neles quem quer. Para proibir o acesso, há barreiras morais que não se vencem com facilidade: o egoísmo e o ciúme, por exemplo; mas também a Opus Dei ou a Maçonaria, o nível social, uma certa semelhança de educação, de gosto, toda uma estética da vida.

Para eles, pois o povo que se lixe, que se mantenha no obscurantismo, na ignorância, na vil situação de desemprego, na fome e na miséria, enquanto os políticos fazem a festa, deitam os foguetes e apanham as canas. Aliás, nem poderia enumerar todas as razões causadoras de tão triste vida nacional.

Cada grupo, cada subgrupo tem a sua fisionomia particular, a sua  maneira de ser.

Há todo um mundo, regido por lembranças comuns, que são outros tantos laços.

Se não se tomam em consideração as nuances que são, todavia, muito interessantes de observar – numa classe de políticos nota-se logo um clã,cuja aristocracia é certa.

Falo de uma elite mais “moral” que social ou, mesmo, intelectual.

Os quae a ela pertencem cerram os braços, pois associam-se para se defender. São como alcateias esfomeadas em busca da presa.

Mais exactamente, defendem, nesses clãs, aquilo a que atribuem um valor inestimável. Não falo da sua pureza de pensamento e de palavras.

O que eles pretendem preservar, talvez subconscientemente, é infinitamente mais. Protegem uma “estética da vida”.

Em suma, pouco importa o meio social a que pertençam. Unem-se porque têm horror de certa vulgaridade, de uma perda de autoridade e do abalo afectivo que isso poderia acarretar-lhes, se ocorresse.

Respeitam-se uns aos outros, porque cada qual sente que há no outro zonas proibidas.

Instintivamente, não falam entre si de certas coisas, mesmo por alusão, não se fazem determinadas perguntas, não adoptam certas atitudes, seja por imprudência, seja por incúria ou inabilidade.

A lei do grupo o proibe e. se se arriscasse a infringi-la, uma grande frieza se manifestaria, como prelúdio de exclusão.

Não existe, nesse comportamento, maior hipocrisia. Não há nesses políticos nada de menos sincero, de mais espontâneo, mais instintivo.

Nada, a não ser o que mais corresponde a uma necessidade essencial: a de proteger uma vida individual contra as forças que tendem a desagregá-la. As oposições!

A corda pode até estar bamba, mas acabará por rebentar quer com o uso quer com o peso da opressão imposta ao povo.

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